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Trabalho e consciência ecológica: atributos essenciais para os profissionais ligados ao meio ambiente
Mesmo com a Organização das Nações Unidas (ONU) instituindo o Dia Mundial do Meio Ambiente em 5 de junho, algumas comemorações no mês de março também merecem destaque nesse contexto de responsabilidade socioambiental. No dia 22, por exemplo, comemora-se o Dia Mundial da Água, com o intuito de despertar a conscientização quanto aos riscos decorrentes do desperdício e uso inconsequente desse bem natural imprescindível à sobrevivência e perpetuação da vida; e o calendário ainda reserva espaço para celebrar o Dia do Técnico em Meio Ambiente – 13 de março –, profissional que, amparado pela Resolução CFT nº 110 de 8 de outubro de 2020, está habilitado a elaborar licenciamento ambiental para implantação e operação de empreendimentos; realizar estudo e compor relatório de impacto ambiental; planejar, implantar e realizar plano de controle ambiental; atuar na coleta, armazenagem e interpretação de informações, dados e documentações ambientais; entre outras atribuições. “A resolução contribui para a expansividade da profissão, abre um leque de opções para o crescimento profissional, assim como para parcerias com outras áreas que buscam um desenvolvimento sustentável por meio de projetos e obras que causem menos impactos ambientais e sociais”, opina a Técnica em Meio Ambiente Daiana Romanini, que colaborou na elaboração da minuta da referida resolução no âmbito da Comissão de Educação e Atribuições Profissionais do Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo (CRT-SP). “Participei da gestão ambiental na Prefeitura de Lucélia como diretora de meio ambiente, fui coordenadora de vários grupos de trabalho em outros conselhos de classe e adquiri experiência para subsidiar minha carreira profissional e no papel atual de conselheira”, destaca.
Formada em 2007 no extinto Instituto Educacional de Adamantina, Daiana Romanini relata que optou pela área por considerá-la em ascensão; segundo suas próprias palavras, o cuidado com a natureza deve ser cada vez mais valorizado, pois contribui para o progresso da humanidade e constitui um elo entre o ser humano e o meio ambiente. Proprietária de uma empresa de controle de pragas que presta serviços para outra empresa do ramo que, por sua vez, atende várias indústrias e multinacionais do setor de alimentos, ela procura sempre se atualizar profissionalmente; ou seja, não se limita somente a assinar documentos. “Somos responsáveis por evitar possíveis danos causados à saúde e ao meio ambiente, garantindo a qualidade dos alimentos produzidos por nossos clientes e exportados para o mundo”, continua, observando que apesar de conviver num meio ainda “machista”, as mulheres têm buscado, de forma igualitária e com competência, romper esse paradigma.
Se Daiana Romanini encontrou satisfação pessoal e oportunidades de ascensão profissional na carreira técnica, há quem ainda está começando e tem um longo caminho a percorrer. Uma delas é Manuella Cristina Rodrigues Gonçalves, que teve o interesse despertado por professores de ensino técnico. “Meus pais sempre me incentivaram muito, acreditando ser uma ótima oportunidade, tanto para meu desenvolvimento intelectual como pessoal”, conta a recém-formada pela ETEC Conselheiro Antonio Prado em Campinas. Na mesma instituição formou-se Mariana Cachator Cardoso, uma jovem “politicamente ecológica” – por assim dizer –, pela latente preocupação ambiental. Como alternativa para minimizar os impactos decorrentes de resíduos plásticos, ela faz parte de uma equipe idealizadora de um projeto para utensílios biodegradáveis obtidos a partir do amido extraído de uma matéria-prima chamada cará-moela – tubérculo parecido com a batata que se desenvolve no caule de uma trepadeira. “Meus pais também ficaram muito felizes quando eu decidi fazer um curso técnico, principalmente por vir de escola pública; desde o início até o fim do curso eu contei muito com o apoio deles”, revela. Amigas, elas compartilharam um pouco de suas trajetórias iniciais no Painel Estudantes: “A Jornada da Aluna de Curso Técnico” do CRT-SP Talks: “Mulheres na Área Técnica”, evento online realizado no mês de março em comemoração ao Dia Internacional da Mulher [clique aqui para assistir ao evento].
Formei-me, e agora? – Uma das grandes preocupações dos alunos ao concluírem o ensino – técnico ou universitário – é a dúvida do que fazer na sequência, situação que requer aconselhamento de profissionais, professores e até mesmo familiares. “Estamos vivendo um momento em que o foco de atenção se volta à proteção e conservação dos recursos naturais, e o Técnico em Meio Ambiente é uma peça fundamental entre o conhecimento científico e sua aplicabilidade prática com a possibilidade de ser agente da mudança em direção à sustentabilidade”, declara Maria Martha Stussi, licenciada em ciências biológicas, mestre em educação com ênfase em formação de professores e responsável pelo curso técnico em meio ambiente do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC-SP), cuja metodologia busca incentivar o aluno a criar, planejar, monitorar e avaliar um projeto real que evidencie todos os conhecimentos obtidos durante a formação. De forma geral, ela avalia positivamente a participação dos conselhos de classe na inserção dos profissionais no mercado de trabalho. “É por meio deles que se definem as atribuições, o limite e o escopo de atuação de cada um; e isso é comunicado aos alunos no início do curso, embora a decisão pelo ‘credenciamento’ aconteça a partir da conclusão”, salienta. E, considerando que comprovadamente o ensino técnico é o caminho mais rápido para o primeiro emprego, Maria Martha Stussi observa que a presença desse profissional se torna cada vez mais necessária diante dos efeitos causados à saúde com a degradação do planeta, seja no levantamento de dados e informações capazes de pivotar a atividade em direção à sustentabilidade a curto, médio e longo prazo.
O planeta pede socorro – Temas como desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e biodiversidade estão cada vez mais em evidência; no entanto, as ações práticas de preservação dos recursos naturais parece não andar na mesma simetria dos belos discursos de congressos e simpósios mundo afora. Muito se discute, mas o desmatamento e os desastres ambientais continuam acontecendo, sobretudo pela falta de um controle mais rígido ou de políticas públicas eficazes por parte dos governos locais.
Em 2020, o Pantanal, que abriga um dos biomas mais diversificados do planeta, com flora extremamente rica em espécies e fauna detentora de uma das maiores concentrações de animais por quilômetro quadrado, esteve perigosamente ameaçado pelas queimadas que consumiram 40% de todo o complexo somente na região mato-grossense. Segundo estudo realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) – organização não governamental fundada em Mato Grosso em abril de 1991 e decretada entidade de utilidade pública por força de lei estadual –, foram mais de 2,1 milhões de hectares destruídos de janeiro a novembro. Para chegar aos números, os dados apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) foram cruzados com mapeamentos das áreas atingidas por incêndios feitos pela National Aeronautics and Space Administration (NASA). O bioma Amazônia não ficou atrás; pelo contrário, somente em Mato Grosso cerca de 3,2 milhões de hectares sucumbiram ao fogo. “A estimativa de tempo para recomposição varia de acordo com cada tipo de vegetação; no Pantanal, que é formado por um mosaico de diferentes tipos de vegetação, vai demorar muito”, esclarece o diretor executivo Renato Aparecido de Farias, salientando que um incêndio de grandes proporções afeta toda a biodiversidade do solo e seu banco de sementes, comprometendo a regeneração. “O ICV é uma instituição que atua constantemente com ações práticas, buscando a sensibilização e conscientização pelo alcance dos resultados dessas ações”, acrescenta, exemplificando algumas atividades desenvolvidas, como apoio a agricultores da região, promoção de uma agricultura baseada em práticas agroecológicas com prioridade na produção orgânica, e boas práticas agropecuárias que colocam a região como exemplo em produção sustentável.
De volta à Resolução CFT nº 110/2020, num dos pontos a norma versa, justamente, sobre “atuar na organização de programas de educação ambiental, de conservação e preservação de recursos naturais, de redução, reuso e reciclagem”; e “identificar as intervenções ambientais, analisar suas consequências e operacionalizar a execução de ações para a preservação, conservação e remediação dos seus efeitos”. Para Renato Aparecido de Farias a proximidade dos desafios constantes e existentes na educação ambiental é o que permite aos técnicos colaborarem com as também existentes soluções ambientais. “É na vivência e proximidade dos desafios que os técnicos podem efetivamente contribuir. Não foram poucos os exemplos que nossa equipe técnica ambiental aprendeu ao adaptar seus aprendizados teóricos com essa realidade”, conclui.
Como todas as pessoas de bom senso, Daiana Romanini também se sente indignada com o que vem ocorrendo constantemente no Pantanal, com desmatamentos, secas e queimadas. “Isso nos causa uma tremenda tristeza. Precisamos de leis mais duras diante do comportamento daqueles que insistem em ir na contramão da preservação do meio ambiente”, contesta, cobrando que a exploração dos recursos naturais se faça de maneira racional, visando à sustentabilidade e o equilíbrio entre as partes. O planeta agradece.
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Mesmo com a Organização das Nações Unidas (ONU) instituindo o Dia Mundial do Meio Ambiente em 5 de junho, algumas comemorações no mês de março também merecem destaque nesse contexto de responsabilidade socioambiental. No dia 22, por exemplo, comemora-se o Dia Mundial da Água, com o intuito de despertar a conscientização quanto aos riscos decorrentes do desperdício e uso inconsequente desse bem natural imprescindível à sobrevivência e perpetuação da vida; e o calendário ainda reserva espaço para celebrar o Dia do Técnico em Meio Ambiente – 13 de março –, profissional que, amparado pela Resolução CFT nº 110 de 8 de outubro de 2020, está habilitado a elaborar licenciamento ambiental para implantação e operação de empreendimentos; realizar estudo e compor relatório de impacto ambiental; planejar, implantar e realizar plano de controle ambiental; atuar na coleta, armazenagem e interpretação de informações, dados e documentações ambientais; entre outras atribuições. “A resolução contribui para a expansividade da profissão, abre um leque de opções para o crescimento profissional, assim como para parcerias com outras áreas que buscam um desenvolvimento sustentável por meio de projetos e obras que causem menos impactos ambientais e sociais”, opina a Técnica em Meio Ambiente Daiana Romanini, que colaborou na elaboração da minuta da referida resolução no âmbito da Comissão de Educação e Atribuições Profissionais do Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo (CRT-SP). “Participei da gestão ambiental na Prefeitura de Lucélia como diretora de meio ambiente, fui coordenadora de vários grupos de trabalho em outros conselhos de classe e adquiri experiência para subsidiar minha carreira profissional e no papel atual de conselheira”, destaca.
Formada em 2007 no extinto Instituto Educacional de Adamantina, Daiana Romanini relata que optou pela área por considerá-la em ascensão; segundo suas próprias palavras, o cuidado com a natureza deve ser cada vez mais valorizado, pois contribui para o progresso da humanidade e constitui um elo entre o ser humano e o meio ambiente. Proprietária de uma empresa de controle de pragas que presta serviços para outra empresa do ramo que, por sua vez, atende várias indústrias e multinacionais do setor de alimentos, ela procura sempre se atualizar profissionalmente; ou seja, não se limita somente a assinar documentos. “Somos responsáveis por evitar possíveis danos causados à saúde e ao meio ambiente, garantindo a qualidade dos alimentos produzidos por nossos clientes e exportados para o mundo”, continua, observando que apesar de conviver num meio ainda “machista”, as mulheres têm buscado, de forma igualitária e com competência, romper esse paradigma.
Se Daiana Romanini encontrou satisfação pessoal e oportunidades de ascensão profissional na carreira técnica, há quem ainda está começando e tem um longo caminho a percorrer. Uma delas é Manuella Cristina Rodrigues Gonçalves, que teve o interesse despertado por professores de ensino técnico. “Meus pais sempre me incentivaram muito, acreditando ser uma ótima oportunidade, tanto para meu desenvolvimento intelectual como pessoal”, conta a recém-formada pela ETEC Conselheiro Antonio Prado em Campinas. Na mesma instituição formou-se Mariana Cachator Cardoso, uma jovem “politicamente ecológica” – por assim dizer –, pela latente preocupação ambiental. Como alternativa para minimizar os impactos decorrentes de resíduos plásticos, ela faz parte de uma equipe idealizadora de um projeto para utensílios biodegradáveis obtidos a partir do amido extraído de uma matéria-prima chamada cará-moela – tubérculo parecido com a batata que se desenvolve no caule de uma trepadeira. “Meus pais também ficaram muito felizes quando eu decidi fazer um curso técnico, principalmente por vir de escola pública; desde o início até o fim do curso eu contei muito com o apoio deles”, revela. Amigas, elas compartilharam um pouco de suas trajetórias iniciais no Painel Estudantes: “A Jornada da Aluna de Curso Técnico” do CRT-SP Talks: “Mulheres na Área Técnica”, evento online realizado no mês de março em comemoração ao Dia Internacional da Mulher [clique aqui para assistir ao evento].
Formei-me, e agora? – Uma das grandes preocupações dos alunos ao concluírem o ensino – técnico ou universitário – é a dúvida do que fazer na sequência, situação que requer aconselhamento de profissionais, professores e até mesmo familiares. “Estamos vivendo um momento em que o foco de atenção se volta à proteção e conservação dos recursos naturais, e o Técnico em Meio Ambiente é uma peça fundamental entre o conhecimento científico e sua aplicabilidade prática com a possibilidade de ser agente da mudança em direção à sustentabilidade”, declara Maria Martha Stussi, licenciada em ciências biológicas, mestre em educação com ênfase em formação de professores e responsável pelo curso técnico em meio ambiente do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC-SP), cuja metodologia busca incentivar o aluno a criar, planejar, monitorar e avaliar um projeto real que evidencie todos os conhecimentos obtidos durante a formação. De forma geral, ela avalia positivamente a participação dos conselhos de classe na inserção dos profissionais no mercado de trabalho. “É por meio deles que se definem as atribuições, o limite e o escopo de atuação de cada um; e isso é comunicado aos alunos no início do curso, embora a decisão pelo ‘credenciamento’ aconteça a partir da conclusão”, salienta. E, considerando que comprovadamente o ensino técnico é o caminho mais rápido para o primeiro emprego, Maria Martha Stussi observa que a presença desse profissional se torna cada vez mais necessária diante dos efeitos causados à saúde com a degradação do planeta, seja no levantamento de dados e informações capazes de pivotar a atividade em direção à sustentabilidade a curto, médio e longo prazo.
O planeta pede socorro – Temas como desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e biodiversidade estão cada vez mais em evidência; no entanto, as ações práticas de preservação dos recursos naturais parece não andar na mesma simetria dos belos discursos de congressos e simpósios mundo afora. Muito se discute, mas o desmatamento e os desastres ambientais continuam acontecendo, sobretudo pela falta de um controle mais rígido ou de políticas públicas eficazes por parte dos governos locais.
Em 2020, o Pantanal, que abriga um dos biomas mais diversificados do planeta, com flora extremamente rica em espécies e fauna detentora de uma das maiores concentrações de animais por quilômetro quadrado, esteve perigosamente ameaçado pelas queimadas que consumiram 40% de todo o complexo somente na região mato-grossense. Segundo estudo realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) – organização não governamental fundada em Mato Grosso em abril de 1991 e decretada entidade de utilidade pública por força de lei estadual –, foram mais de 2,1 milhões de hectares destruídos de janeiro a novembro. Para chegar aos números, os dados apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) foram cruzados com mapeamentos das áreas atingidas por incêndios feitos pela National Aeronautics and Space Administration (NASA). O bioma Amazônia não ficou atrás; pelo contrário, somente em Mato Grosso cerca de 3,2 milhões de hectares sucumbiram ao fogo. “A estimativa de tempo para recomposição varia de acordo com cada tipo de vegetação; no Pantanal, que é formado por um mosaico de diferentes tipos de vegetação, vai demorar muito”, esclarece o diretor executivo Renato Aparecido de Farias, salientando que um incêndio de grandes proporções afeta toda a biodiversidade do solo e seu banco de sementes, comprometendo a regeneração. “O ICV é uma instituição que atua constantemente com ações práticas, buscando a sensibilização e conscientização pelo alcance dos resultados dessas ações”, acrescenta, exemplificando algumas atividades desenvolvidas, como apoio a agricultores da região, promoção de uma agricultura baseada em práticas agroecológicas com prioridade na produção orgânica, e boas práticas agropecuárias que colocam a região como exemplo em produção sustentável.
De volta à Resolução CFT nº 110/2020, num dos pontos a norma versa, justamente, sobre “atuar na organização de programas de educação ambiental, de conservação e preservação de recursos naturais, de redução, reuso e reciclagem”; e “identificar as intervenções ambientais, analisar suas consequências e operacionalizar a execução de ações para a preservação, conservação e remediação dos seus efeitos”. Para Renato Aparecido de Farias a proximidade dos desafios constantes e existentes na educação ambiental é o que permite aos técnicos colaborarem com as também existentes soluções ambientais. “É na vivência e proximidade dos desafios que os técnicos podem efetivamente contribuir. Não foram poucos os exemplos que nossa equipe técnica ambiental aprendeu ao adaptar seus aprendizados teóricos com essa realidade”, conclui.
Como todas as pessoas de bom senso, Daiana Romanini também se sente indignada com o que vem ocorrendo constantemente no Pantanal, com desmatamentos, secas e queimadas. “Isso nos causa uma tremenda tristeza. Precisamos de leis mais duras diante do comportamento daqueles que insistem em ir na contramão da preservação do meio ambiente”, contesta, cobrando que a exploração dos recursos naturais se faça de maneira racional, visando à sustentabilidade e o equilíbrio entre as partes. O planeta agradece.
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